5.12.13

Homero Aridjis (Um poema de amor)





UN POEMA DE AMOR



Cuando hable con el silencio
cuando sólo tenga una cadena
de domingos grises para darte

cuando sólo tenga un lecho vacío
para compartir contigo un deseo
que no se satisface ya con los cuerpos de este mundo

cuando ya no me basten las palabras del castellano
para decirte lo que estoy mirando

cuando esté mudo de voz de ojos y de movimiento

cuando haya arrojado lejos de mí
el miedo a morir de cualquier muerte

cuando ya no tenga tiempo para ser yo
ni ganas de ser aquel que nunca he sido

cuando sólo tenga la eternidad para ofrecerte
una eternidad de voces y de olvido

una eternidad en la que ya no podré verte
ni tocarte ni encelarte ni matarte

cuando a mí mismo ya no me responda
y no tenga día ni cuerpo

entonces seré tuyo
entonces te amaré para siempre.

Homero Aridjis



Quando falar com o silêncio
quando tiver só um rosário
de cinzentos domingos pra te dar

quando tiver só um leito vazio
pra partilhar contigo um desejo
que não se ceva já nos corpos deste mundo

quando não me bastarem já as palavras da língua
para te dizer aquilo que estou olhando

quando mudo ficar de voz de olhar e de movimento

quando tiver arrojado pra longe
o medo de morrer de qualquer morte

quando não tiver já tempo de ser eu
nem vontade de ser aquele que nunca fui

quando tiver só o eterno pra te dar
um eterno de vozes e esquecimento

onde já não possa ver-te
nem tocar ou ter ciúme ou matar-te

quando já não responder sequer a mim mesmo
e não tiver dia nem corpo

então eu serei teu
e hei-de amar-te pra sempre

(Trad. A.M.)



>>  A media voz (36p) / Arte poética (9p) / Wikipedia


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