4.9.13

Miguel d'Ors (As time goes by)





AS TIME GOES BY



Decir pestes de él tiene, sin duda,
un sólido prestigio literario
-tacharlo de asesino, por ejemplo,
o compararlo con
uno de esos ciclones con nombre de corista
que pasan y que dejan en los telediarios
un paisaje de grandes palmeras derrocadas
y uralitas errantes,
o simplemente lamentarlo a base
de tardes y de otoños en pálidos jardines-,
pero ahora, con la mano en el poema,
os lo confieso: he sido siempre yo
el que salió ganando de todos nuestros tratos.
A cambio de esta luz sabia y serena
con la que la experiencia ilumina las cosas
a mí se me ha llevado
sólo la juventud, ese divino
tesoro que no sirve para nada
-ya lo dijo Mark Twain- puesto en las manos
insensatas de un joven.

Miguel d’Ors



Dizer mal dele, é claro,
tem um sólido prestígio literário,
- tachá-lo de assassino, por exemplo,
ou compará-lo a
um desses ciclones com nome de corista
que passam e deixam nos telejornais
uma paisagem de grandes palmeiras por terra
e errantes pedregulhos,
ou apenas lamentá-lo à base
de tardes e outonos em pálidos jardins -
mas agora confesso-vos,
com a mão no poema: fui eu sempre
quem saiu a ganhar dos nossos tratos.
Em troca desta luz sábia e serena
com que a experiência ilumina as coisas,
a mim levou-me
só a juventude, esse tesouro divino
que não serve para nada
- como disse Mark Twain - nas mãos
insensatas de um jovem.

(Trad. A.M.)


> Outra versão: O melhor amigo

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