6.6.13

Pedro Andreu (Advertências)





ADVERTENCIAS



No vengas otra vez con tus historias
tan siglo diecinueve de tristezas.
No jures y perjures que perdiste
tu zapato en mi casa, Cenicienta,
pues bien sabes que perdiste otras cosas:
la cabeza tal vez, algo de pasta, un par de bragas
que voy probando a todas
las que prueban mi cama
sin dar con la que vuela.
Que ni yo soy azul ni tú princesa,
así que apaga y vámonos, y vuelve
a ser mi perra callejera, mi musa en celo,
mi luna de dormir la borrachera,
mi billete de avión a la locura,
mi Blancanieves puta y harapienta,
mi vino y la resaca; el frío y mis palabras.

Y déjate de cuentos y dame mucho sexo
y poco poquito poco
abominable falso esclavo imbécil
desvergonzado amor.

Pedro Andreu


[El baul de calzas largas]




Não me venhas cá com tuas histórias
tão século dezanove de tristezas.
Não jures nem perjures que perdeste
o sapato em minha casa, Cinzenta,
pois bem sabes que outras coisas perdeste,
a cabeça talvez, algum creme,
um par de cuecas
que vou experimentando em todas
quantas experimentam a minha cama
sem dar com aquela que voa.
Nem eu sou azul nem tu princesa,
apaga portanto a luz e vamos embora,
volta a ser a minha cadela vadia, minha musa de cio,
minha lua de dormir a borracheira,
meu bilhete para a loucura,
minha Branca-de-Neve puta e farrapona,
meu vinho mais a ressaca, o frio e minhas palavras.

E deixa-te de histórias, dá-me sexo muito
e pouco pouquinho pouco
abominável falso escravo imbecil
desavergonhado amor.

(Trad. A.M.)

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