15.5.13

Camilo Castelo Branco (A exposição do reitor)





Como a exposição do reitor saiu muito enfeitada de jóias sentimentais – detestável espécie arqueológica que ninguém tolera – farei quanto em mim couber por, uma a uma, ir mondando e refugando as flores de modo que as cenas dramáticas se exponham áridas, bravias como serro de montanha por onde lavrou incêndio, sem deixar bonina, sequer folhinha de giesta em que a aurora imperle uma lágrima.

A Aurora a chorar! de que tempo isto é!

Como a gente, sem querer, mostra numa ideia a sua certidão de idade e uma relíquia testemunhal da idade de pedra!

Oh! os bigodes tingem-se; mas as frases – madeixas do espírito – são refractárias ao rejuvenescimento dos vernizes.


- CAMILO CASTELO BRANCO, A Brasileira de Prazins (Introdução).

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