12.4.13

Chantal Maillard (Quis um dia que um poeta me amasse)





Deseé alguna vez que un poeta me amase.

Ahora duelen sus poemas en mi cuerpo‚
algo de mí que en él se reconoce hasta quebrar la imagen
de todo lo que fui.

Ahora deseo que me amase tanto que dejara de amarme
y sus palabras fuesen nieve
que el sol de junio fundiese entre mis pechos‚
allí donde su aliento insiste en acallar
esta tristeza antigua que siempre me acompaña.

Chantal Maillard


[O único verdadeiro deus vivo]



Quis um dia que um poeta me amasse.

Agora doem-me os poemas no corpo,
algo de mim que nele se reconhece até
partir a imagem de tudo quanto fui.

Agora queria que me amasse tanto que deixasse
de amar-me e suas palavras fossem neve
que o sol de Junho fundisse no meu peito,
ali onde seu hálito teima em acalmar
esta tristeza antiga que sempre me acompanha.

(Trad. A.M.)

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