26.9.12

Miriam Reyes (Apegamo-nos demasiado)


 
 
 
 
Nos apegamos demasiado a los hombres
esas criaturas bidimensionales e inocentes
a su piel
adherente como una tela de araña.
 

Me quedaría allí hasta que no dejase nada de mí.
Nada.
 

Hasta que empezamos a pesarles
como si de pronto engordásemos.
Entonces nos preguntamos
qué pasó y
cuándo.
Inevitablemente nos ponemos
éticas patéticas pelenpenpéticas
pesadas peludas pelenpenpudas
nos salen canas arrugas
caries estrías verrugas
la sangre no circula.
Nos explotan por dentro.
Se llevan nuestra piel pegada a tiras
y en sus manos algún órgano fácil de vender.
 

En realidad no saben lo que hacen
sólo quieren liberarse de la carga.

 
 Miriam Reyes

 
 

 

 
Apegamo-nos demasiado aos homens
essas criaturas inocentes, bidimensionais,
à sua pele
adesiva como teia de aranha.
 

Eu ficaria ali até não deixar nada de mim.
Nada.
 

Até que começamos a pesar-lhes
como se engordássemos de repente.
Então interrogamo-nos
o que é que aconteceu
e quando.
Inevitavelmente fazemo-nos
éticas patéticas pelempenpéticas
pesadas cabeludas pelempenpudas
aparecem-nos cãs e rugas
cáries estrias verrugas
o sangue não circula.
Exploram-nos por dentro.
Levam-nos a pele colada às tiras
e nas mãos algum órgão fácil de vender.
 

Na verdade não sabem o que fazem
querem só é  livrar-se da carga.

  
(Trad. A.M.)