12.5.12

Dana Gioia (Palavras)






WORDS



The world does not need words. It articulates itself
in sunlight, leaves, and shadows. The stones on the path
are no less real for lying uncatalogued and uncounted.
The fluent leaves speak only the dialect of pure being.
The kiss is still fully itself though no words were spoken.


And one word transforms it into something less or other
- illicit, chaste, perfunctory, conjugal, covert.
Even calling it a kiss betrays the fluster of hands
glancing the skin or gripping a shoulder, the slow
arching of neck or knee, the silent touching of tongues.


Yet the stones remain less real to those who cannot
name them, or read the mute syllables graven in silica.
To see a red stone is less than seeing it as jasper
- metamorphic quartz, cousin to the flint the Kiowa
carved as arrowheads. To name is to know and remember.


The sunlight needs no praise piercing the rainclouds,
painting the rocks and leaves with light, then dissolving
each lucent droplet back into the clouds that engendered it.
The daylight needs no praise, and so we praise it always—
greater than ourselves and all the airy words we summon.



DANA GIOIA
Interrogations at Noon
(2001)





O mundo não precisa de palavras. Fala
por raios de sol, por folhas, por sombras. As pedras do caminho
não são menos reais por jazerem sem conta nem inventário.
As folhas falam desenvoltas a língua do ser e nada mais.
Um beijo é um beijo inteiro apesar de não haver palavras.



E uma palavra torna-o em algo menos ou em outra coisa
- ilícito, casto, ligeiro, conjugal, encoberto.
Mesmo o chamá-lo beijo denuncia a ânsia das mãos
tacteando a pele ou apertando um ombro, a curva
lenta do pescoço ou joelho, o toque silente das línguas.



As pedras contudo são menos reais para quem não sabe
nomeá-las, nem ler as mudas sílabas inscritas na sílica.
Ver uma pedra vermelha é menos do que vê-la como jaspe
- quartzo metamórfico, parente do sílex que os Kiowa
usavam como pontas de seta. Nomear é conhecer e recordar.



A luz do sol não carece de louvores para furar as nuvens,
ou pintar de luz as rochas e as folhas e depois dissolver
cada gota lucente nas nuvens que a geraram.
A luz do dia não carece de louvores, mas nós louvamo-la sempre
- é maior do que nós e do que as leves palavras que juntamos.



(Trad. A.M.)



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