22.4.09

Álvaro Mutis (Lied da noite)










LIED DE LA NOCHE






Y, de repente,
llega la noche
como un aceite
de silencio y pena.
A su corriente me rindo
armado apenas
con la precaria red
de truncados recuerdos y nostalgias
que siguen insistiendo
en recobrar el perdido
territorio de su reino.
Como ebrios anzuelos
giran en la noche
nombres, quintas,
ciertas esquinas y plazas,
alcobas de la infancia,
rostros del colegio,
potreros, ríos
y muchachas
giran en vano
en el fresco silencio de la noche
y nadie acude a su reclamo.
Quebrantado y vencido
me rescatan los primeros
ruidos del alba,
cotidianos e insípidos
como la rutina de los días
que no serán ya
la febril primavera
que un día nos prometimos.



Álvaro Mutis








E, de repente,
chega a noite
como um óleo
de silêncio e mágoa.
à sua corrente me rendo
armado apenas
da precária rede
de truncadas lembranças e saudades
que vão insistindo sempre
em retomar o perdido
território do seu reino.
Como ébrios anzóis
rodam na noite
nomes, quintas,
certas esquinas e praças,
alcovas da infância,
caras do colégio,
campinas, rios
e raparigas
rodam em vão
no silêncio fresco da noite
e ninguém acorre à chamada.
Quebrantado e vencido
me resgatam os primeiros
ruídos da alba,
diários e insípidos
como a rotina dos dias
que não serão já
a primavera febril
que um dia nos prometemos.


(Trad. A.M.)


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